Projeto Arte e Cidadania no Heliópolis

“O Dia Em que Túlio Descobriu a África” tem estréia prevista para agosto deste ano

Contribuir com a formação de jovens artistas-cidadãos que vivem em área de risco e de vulnerabilidade social é a premissa do projeto “Arte e Cidadania em Heliópolis”. O objetivo é consolidar, manter e ampliar um núcleo de pesquisa teatral com jovens da comunidade de Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, por meio de encontros diários, durante seis meses. E será finalizada com a criação de um espetáculo.

Coordenado por Egla Monteiro e Miguel Rocha, o projeto conta com o patrocínio da Petrobras e apoio cultural do SESC São Paulo e da Secretaria de Estado da Cultura/ Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias do Governo do Estado de São Paulo.

A base do projeto “Arte e Cidadania em Heliópolis” consiste no estudo, no treinamento, na formação de atores a partir das mais diversas expressões artísticas e na reflexão constante acerca do sentido do teatro para a sociedade. Com isso, visa possibilitar o convívio e o crescimento mútuo, com bases em princípios de cidadania e postura dialógica.

O resultado deste trabalho será a criação de um espetáculo inspirado no texto “O Dia em Que Túlio Descobriu a África”, de Ralf Rickli, que terá seu elenco formado basicamente por jovens moradores da comunidade de Heliópolis.

“A Companhia Heliópolis propôs o projeto para a comunidade, com o objetivo de unir mais pessoas que tem como objetivo o teatro. Foram chamados aqueles que quisessem participar, independente de integrar a companhia ou não, desde que tivessem o interesse em se relacionar e se desenvolver neste caminho da arte”, resume Miguel Rocha.

Uma vez selecionados, Andreia Tamara, Cristian David, Danilo Pereira, Donizete Bonfim, Jéssica Alexandre, Julia Raquel, Vanda Mayule, Ligia Albarracin, Liu Mr e Roberto Bastos – se juntaram aos dois atores convidados, Maria Mello e Silvio Paulino dos Santos, para receberem as primeiras aulas. A equipe de professores reuniu Ana Portich (ética e cidadania), Jobi Espasiano(canto), Kiusam de Oliveira (dança), Maysa Lepique(expressão vocal), Paulo Fabiano(interpretação), Ralf Rickli(estudos do texto) e Silvana Abreu (expressão corporal).

Nesta fase de Formação o projeto contou, ainda, com as participações da filósofa Iná Camargo Costa, que ministrou a palestra “Para que teatro?” e do professor de História Francisco Alambert, que realizou aula inaugural sobre o tema “Formação do povo brasileiro”.

Etapas – Dividido em três fases, o projeto encontra-se em seu módulo inicial, focando a formação dos jovens, tanto como artistas quanto cidadãos. Em encontros diários no SESC Ipiranga, recebem aulas de ‘fundamentos do corpo’, enfatizando a voz, o canto, a dança, o treinamento, a interpretação e a relação com os outros atores, aprimorando, assim, a maneira de pensar e criar o trabalho. Os encontros também abordam outros temas, como a função social do teatro, a formação do povo brasileiro, ética e cidadania

Ainda em maio – e depois nos meses de junho e julho –, o projeto passa a ser direcionado para a criação do espetáculo “O Dia Em Que Túlio Descobriu a África”, que envolverá dança, música, vídeo e artes plásticas. A história narra a saga de um jovem brasileiro que visita as civilizações de seus antepassados.

A intenção de direcionar a montagem à questão racial, com ênfase na questão dos negros no Brasil, leva em conta a realidade vivida na comunidade, diariamente, pelos jovens envolvidos no projeto. Elaborar artisticamente estas questões pode ser um caminho de debate, reflexão e encontro de novas perspectivas para mudar esta realidade. “Nosso teatro sonha com nada menos do que transformar o mundo. Esse é nosso comprometimento como cidadãos habitantes de um mundo onde quase tudo precisar ser reinventado, reconstruído: a vida, o teatro, as relações. O que estará no palco se relaciona diretamente com as vidas envolvidas neste projeto e com o que as afeta. Relaciona-se diretamente com as biografias desses meninos e meninas e com as reflexões e experiências que tivemos durante todo o processo vivido no projeto. É o teatro que queremos e escolhemos fazer, e que leva em conta o que somos, como somos e por que somos o que somos”, explica Egla Monteiro, coordenadora artística do projeto.

“Arte e Cidadania em Heliópolis” cumpre sua última etapa no mês de agosto, quando o espetáculo será apresentado em São Paulo, em teatro a definir. A temporada vai garantir acesso para as comunidades carentes e preços populares para o público em geral.

PERFIS

Miguel Rocha – Ator, diretor e um dos criadores da “Companhia de Teatro Heliópolis”. Estudou teatro na Fundação das Artes de São Caetano do Sul, na Escola de Dança Sandra Amaral e na escola Recriarte. Fez parte do grupo de teatro MCTA, de São Caetano do Sul, onde trabalhou como ator e assistente de direção. Foi o criador da Cia. de Teatro Heliópolis, que estreou com o espetáculo “Queda Para o Alto”, sob sua direção, com grande repercussão de público.

Em 2002/2003 participou do “Projeto Solos do Brasil”, criado, produzido e administrado por Egla Monteiro, sob coordenação artística de Denise Stoklos, onde teve aulas de dança com Hugo Rodas, de direção com Antônio Abujamra, de mímica com Luís Louis, de texto corporal com Eduardo Coutinho, de filosofia e estética com Luiz Fuganti, de canto com Caio Ferraz, teatro dinâmico e máscara neutra com Ricardo Napoleão. Deste projeto resultou o espetáculo-solo “Eu quero ver o sol nascer, mas não do jeito que vejo”, escrito e dirigido pelo próprio ator. Integrou o projeto do SESC Ipiranga “Corpo e imagem”, sob coordenação da coreógrafa Ivani Santana, e dirigiu o espetáculo infantil “Coração de Vidro”. Em 2004 participou do curso de produção ministrado por Carla Pollastrelli, organizado pela Fondazione Pontedera Teatro.

Egla Monteiro – Atriz, Diretora, Pesquisadora de solo de teatro, criadora de projetos artístico-culturais, pensadora de cultura. Uma das fundadoras da “Companhia de Solistas”, já premiada em “Sob Neblina”, espetáculo para o qual fez assistência de direção e criação de luz, contemplada pelo PAC de Dança em 2006, da Secretaria Estadual da Cultura. Trabalhou por 13 anos no SESC-SP. Foi coordenadora de programação do SESC Pompéia e do SESC Ipiranga.

Dos inúmeros projetos dos quais participou no SESC, destacam-se: “Balaio Brasil”, Série Solos de Teatro”; “Sexo, Drogas e Rock’n’roll, Elis, Essa Mulher”; “Videobrasil”, Festival Internacional de Artes Cênicas, Festival Internacional de Teatro de Animação, Festival Internacional de Teatro de Rua, Temporada SESC Outono 97 e SESC 50 Anos.

Entre os principais projetos que criou, elaborou, captou e implementou destacam-se: “Solos do Brasil”, “Turnê Água Riqueza do Brasil”, “Circulação Calendário da Pedra”, “Louise Borgeois: Faço, Desfaço, Refaço”, “Festival Denise Stoklos”, “Olhos Recém-Nascidos” e “Denise Stoklos Performance”.

A convite de Tiche Vianna e junto com ela, coordenou projeto de pesquisa com atores do TUSP/USP no segundo semestre de 2007.

Mantém parceria e interlocução artística permanente com a Companhia De Teatro Heliópolis, desde “Herzer – A Queda Para o Alto”, de 2000, além de assinar a coordenação artística do espetáculo “Meninos Do Brasil” e “Arte e cidadania em Heliópolis”.

O DIA QUE TÚLIO DESCOBRIU A ÁFRICA

Companhia de Teatro Heliópolis

Ficha técnica:

Coordenação e direção: Egla Monteiro e Miguel Rocha;

Texto: Ralf Rickli;

Elenco: Andreia Tamara, Cristian David, Danilo Pereira, Donizete Bonfim, Jéssica Alexandre, Julia Raquel, Vanda Mayule, Ligia Albarracin, Liu Mr, Roberto Bastos, Maria Mello e Silvio Paulino Dos Santos;

Professores: Ana Portich (ética e cidadania), Jobi Espasiano(canto), Kiusam De Oliveira (dança), Maysa Lepique(expressão vocal), Paulo Fabiano(interpretação), Ralf Rickli(estudos do texto) e Silvana Abreu (expressão corporal);

Criação de coreografia: Kiusam de Oliveira

Criação de trilha sonora: Sapopemba

Criação de vídeo: Rodrigo Gontijo

Criação de figurino: Rodrigo Nogueira

Patrocínio: Petrobras

Apoio Cultural: Sesc São Paulo e Secretaria de Estado da Cultura/Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias do Governo do Estado de São Paulo.

Realização: Companhia de Teatro Heliópolis e Companhia de Solistas

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